Ela já não era mais a mesma. Seus olhos não tinham aquela inocência. Não eram do azul claro de que me lembrava. Eram um azul profundo, de que quer se perder nas próprias lembranças, pois não se interessa pelo presente, e nem imagina o que seja o futuro.
Sua pela não era mais alva e delicada. Estava sempre queimada de Sol, e eu sentia dentro de mim que era áspera, depois de tantos toques.
Seus cabelos, antigamente lisos e loiros, quase prateados eram enrolados vulgarmente e tingidos de um vermelhidão, como uma doença que quer se mostrar. A boca, tão pequenina e delicada sempre rósea agora era rubra, preenchida.
Lembrei-me de nossos carnavais. Quando ela se vestia de cigana, mostrando o corpo delicado, envolto por véus coloridos, parecia uma catedral. Agora? Mal havia panos, mal havia delicadeza, era a própria decadência.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
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