O amanhecer

Existem pessoas que não acreditam em fadas porque um dia lhes falaram que elas não existiam. Mas, há pessoas que acreditam em fadas justamente porque lhes falaram que elas não existiam. Qual delas é você? A magia está entre nós, basta querer vê-la.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Parte 01

Eliza chegou tarde naquela noite. Era tudo silêncio, tudo escuridão.
Saiu do metrô já vazio e caminhou por entre bares de pessoas arrumadas.
Deu boa noite ao porteiro semi-adormecido e subiu os curtos lances da escada.
Direita para não ranger.Reto, reto.Esquerda porque ali afunda.Esquerda porque tinha uma barata ali ontem.Reto, reto, reto.Esquerda para segurar no corrimão e tomar fôlego.
Ufa.
Enfim, uma porta de madeira escura e bem lustrada surge em sua frente.A luz se acende devagar, como se estivesse acabado de acordar devido ao barulho de passos.
Ela coloca chave e abre a porta devagarzinho.
Lá dentro poderia encontrar várias coisas.É necessário ter muito cuidado.

A:Laura dormindo no sofá com a TV ligada.
B:Laura e algum "amigo" ou "amiga".
C:Laura totalmetne complexada, cercada de papéis e xícaras de café, estudando.

O que menos se espera acontece.Não há nada.Só silêncio e escuridão.
Na geladeira, local em que ambas se dirigem após jogar o que quer que estejam carregando sobre a mesa, quando esta está arrumada, há um papel.

"Querida Liz, você demorou muito!Fui jantar com umas amigas e depois vamos cair na night.Venha também.Todos estão com saudades de você!Espero você ligar, se não, chegarei bêbada em casa só pra você se arrepender de não ter vindo.Beijos, Lau"

Ela pensa, dá um leve riso, para não cair no choro.Por quê estava morando com alguém totalmente louco?Abre a geladeira e lá esta um pacotinho de comida chinesa com uma etiqueta, na qual se lê o seu nome.Nada mais.Mesmo.
Ela liga a televisão enquanto come a comida fria, em pé.
Volta à cozinha e joga a caixinha no lixo, e os talheres na pia.
Vai para o quarto carregando suas coisas.Joga-as no chão e o corpo na cama.
Resmunga algo e se vira para encarar o teto.
O que é pior: Aguentar Laura bêbada ou sair atrás dela?

Seus pensamentos são interompidos por um som abafado.Ela se revira, pega algo do chão e de lá um pequeno aparelho barulhento.Lê o visor colorido e fala automaticamente:

-Oi Max.
-E aí Liz, tudo bom?
-Claro e você?
-Bem.Então, tava pensando em sair hoje, que tal?
-Ah...
-Você está me devendo.Vamos, por favor, hoje é sexta!
-Hãn...
-Que bom!Te pego daqui a uma hora.Até!
-Mas...
-Tu...Tu...Tu...

Quando aprenderia?Não se pode vacilar.Jamais.Mas, agora era tarde.
Levanta-se e vai tomar banho.Depois se maqueia.Se veste.Fica linda, como há muito não ficava.Depois de pronta, a se equilibrar nos sapatos, vem a dúvida cruel.A cama está entre ela e a porta.Quando ela pensa em se deitar e desistir, o telefone toca uma vez e se cala.A sentença final foi dada.

Ela pega o pequeno aparelho e sai.O vestido verde, agarrado ao seu corpo.A sandália de salto preto reluzente.A maquiagem de um tom bronze, para parecer mais saudável, e um batom rosa pálido.Nada mais além do que se pode carregar...A não ser o que se carrega na cabeça e no coração.

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