O amanhecer

Existem pessoas que não acreditam em fadas porque um dia lhes falaram que elas não existiam. Mas, há pessoas que acreditam em fadas justamente porque lhes falaram que elas não existiam. Qual delas é você? A magia está entre nós, basta querer vê-la.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Parte 03

Após sentir-se levemente segura, como não se sentia há tempos ela acaba por perder os sentidos. Acorda sobre uma cama, não existe nada ao seu redor.Levanta-se e novamente anda sozinha pela casa desconhecida.Dessa vez, é um sentimento interno que a guia.Seus sentidos são atraídos por um cheiro, e sua boca saliva repleta de lembranças.

-Entre...Imaginei que fosse acordar com fome.Dormiu bastante.Venha, sente-se ou vai esfriar...Então, você é a filha do Doutor Marco.
-Sim, e você é Karen, a segunda cabeça do projeto dele.Eu me lembro de tudo.Você deveria estar morta.
-Sim.Mas não previmos tudo como gostaríamos.Não houve tempo suficiente.Por exemplo não sabíamos que o vírus não reagiria com todos.Sorte talvez...Afinal, só por isso estamos vivos.
-Você fala no plural...Existem mais fora das colônias?
-Sim.Eu e você seremos a parte pensante.Por isso te chamei.Preciso das informações que você obteve de ambos os lados.
-E por que eu te ajudaria?
-Se não fosse ajudar não teria vindo.Não seja falsa querida.Ninguém mais aguenta essa situação.Você não é a única que esta ficando louca.
-E o que temos até agora?
-Termine de comer e depois conversaremos melhor.Assuntos ruins não devem ser ditos à mesa, a não ser que se queira trazê-los para dentro de nós...

A partir daí os peões começariam a jogar.Que surpresas estavam por vir?Ninguém tinha certeza...Não que algum dia a certeza tivesse existido ou fosse existir.

Parte 05

O papel deixado sobre a mesa dizia:

"Meninas vocês demoraram muito!Lembrei que amanhã tenho um trabalho em grupo e não fiz minha parte...Vou indo, amanhã a noite nos encontramos na heart.Juízo!"

-Ele não mudou nada, não é?
-Não!Depois vem falar que minha memória é que é ruim.
-Sorte que ele é inteligente e sempre consegue fazer tudo de última hora.Queria eu ser assim...
-É bom ver que as coisas não mudam tão rápido assim.Vamos comer!

Elas levam tudo para a sala e deixam tudo espalhado.Uma se esparrama no sofá, e duas sentam-se no chão fresco, após fecharem todas as janelas para que o ambiente ficasse escuro.O filme começa embalando as mentes para uma outra realidade, que certa hora termina.

-Que filme chato!

Uma almofada voa pelo ar até atigir uma cabeça.

-Foi lindo!Não foi Lia?Nossaa, você tá chorando!
-Ai gente, que meigo!Isso me traz lembranças...
-É mesmo, quanto tempo faz?
-Um ano...Já faz um ano que não conversamos direito!Vai, comece você!
-Sim...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Parte 04

-Acorda Laura!Sua preguiçosa!Anda logo, vai se arrumar ou a gente vai se atrasar!
-Ai, para de me sacudir!Já entendi!Tô indo, sua chata!

Uma hora depois duas moças saem apressadas de um apartamento antigo.Usavam jeans desbotado, sandálias sem salto, blusas de alça e cabelos ao vento.Pegam metrô e depois um ônibus e logo estão naquele lugar no qual não há pátria, no qual todos estão somente de passagem, em companhia de lojas, cimento, vidros e aviões.

-Olha aquele ali que gato!
-Qual Lau?Nossa, mas você gosta de homem feio hein!
-Olha só quem fala!Cadê ela Lia?Que demora!
-Ali!Achei!
-Cecília!Aqui!
-Gatas!Ai que saudade!Tô quebrada, quero ir pra casa!Como vocês estão?
-Ótimas!Vamos!

Um táxi logo as pega e as leva para o lugar de onde saíram apressadas.Mas,é na chegada delas que residia o problema.

-Vocês estão brincando comigo?
-Não...
-Uh, não mesmo...
-Ai, como assim?O que vamos fazer?
-Carregar!Somos três mulheres lindas, independentes e poderosas.
-É...A gente revesa...
-Olha eu posso não lembrar que o elevador não tem conserto, mas eu lembro muito bem a quantidade de degraus!
-Pára de reclamar e vamos logo.

Assim três delicadas damas se esforçam em levar a maior mala que já viram durante meia hora, escadaria a cima.

-É aqui.
-Sai da frente, eu tô morrendo.Tenho que deitar...Ai, esse chão é limpo?
-Hãn...
-Abre logo a porta então...Não que eu acredite que a casa de vocês seja mais limpa.
-Ei, não ofende não!

Assim, a porta se abre com um leve empurrão antes que qualquer ação seja tomada, e mostra um ambiente à meia luz, limpo e florido.

-Uau!
-Uau!
-Uau!Espera, não foram vocês?
-Eu não...Lau?
-Rá, rá, rá...Tá louca?
-Ei, esse cheiro...É cookie?
-Laura...Você tinha trancado a porta?
-Como assim?Eu nem levei chave!
-Mas eu tinha deixado a minha na porta para você trancar!Ei Laura!
-Vocês querem parar de discutir e entrar logo? - diz uma voz vinda do interior do recinto -
-Max!!
-Max!
-Max!

Elas entram se empurrando e quase esquecem a mala fora da casa.Lá dentro há a tela inicial de um filme na pequena televisão, pipoca estourando no fogão e cookies que acabaram de sair do forno.De avental rosa sobre uma bermuda e uma camisa branca esta Max.

-Quando cheguei o porteiro falou que vocês tinham acabado de sair.Queria ter ido junto mas como não deu resolvi subir e esperar por aqui.Então, vi a chave na porta e entrei.Vi que a casa estava pior que a minha república onde só tem homem e resolvi dar uma ajeitada.
-Ajeitada?Max você é melhor que minha mãe!
-Lau, tira a mão da comida! Vão as três tomar um banho enquanto eu termino aqui e depois vamos ver um filme e conversar!
-Sim senhor! - disseram em uníssono e saíram como crianças risonhas que acabaram de ganhar o presente de natal.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Parte 03

Simples assim:

-Eu te odeio!Não olhe nunca mais na minha cara, esqueça que um dia me conheceu!

A porta bate com tanta violência que quase quebra sua estrutura leve e antiga. Eliza acorda em um sobressalto. Sua cabeça gira.O quarto esta abafado e escuro. Lá fora uma ambulância passava. Será que aquele grito era a realidade ou somente mais um sonho? Por via das duvidas era melhor checar, afinal o sono já se perdera.

Após tropeçar em algumas coisas jogadas no chão de seu quarto ela abre a porta e vê uma luz na sala.Anda até lá com os olhos fechados por causa da claridade, e encontra Laura sentada no chão, encolhida, encostada na porta.

-Lau?Tudo bem?O que aconteceu?
-Ai Liz, por quê?Por que eu ainda gosto dele?
-Amor, você foi apaixonada!Paixão não se esquece rápido assim...
-Mas ele me fez sofrer tanto!
-Eu sei, ele não te merece mesmo.Não chora.Vem, hoje eu vou cuidar de você.Fica calma, amanhã nós vamos sair, curtir muito, e brindar por não conhecermos nossa cara metade!
-Homens não prestam, isso sim!Vou ficar solteira para sempre!
-Veremos meu bem, veremos...

E assim a noite termina entre lágrimas e promessas de um futuro livre.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Parte 02

Na rua há um jovem homem de costas para ela.Max. Alto, louro, forte, olhos azuis, camisa meio social e larga, jeans azul claro, allstar, mãos no bolso. Quando ela bate o portão, ele se vira com um sorriso no rosto sincero.

-Uau!Quem é você?
-Se começar com graça eu volto para casa agora!

Ele anda até ficar perto dela.A beija na testa e estende o braço.

-Vamos.
-Aonde?
-A Lau não te disse?Hoje é aniversário do Zé, mega festa no galpão.
-Hãn...Zé?
-Sua memória é péssima mesmo!Não sei como lembra o meu nome...Aquele ricaço que entrou esse ano e acha que é popular...
-Uh...Eu não gosto dele.Por quê deveria ir ao aniversário?
-Porque todos estão lá.Pare de reclamar.Já, já, chegaremos.

Por quê todos ignoravam sua vontade? Mistérios.
Por fim, se deparam com um local grande e escuro.Entram com pequenos papéis entregues àquele que guarda a porta.Lá dentro tudo está sob meia luz, uma música alta, e uns efeitos visuais que deixam tudo embaçado.
À direita comida, à esquerda bebida, à frente a pista de dança.Max sem hesitar a conduz em direção ao monte de gente.
Eliza faz uma cara de choro que ninguém vê na escuridão reinante e se encolhe um pouco.

-Lizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz!!

Lá vem Laura.Pequenina, loura ao natural, olhos cor de mel, pele clara e sardas sobre o nariz e maça do rosto.O corpo esguio e delicado é envolto em uma saia branca e uma blusa preta de manga que deixa seu ombro e uma tatuagem à mostra.A maquiagem é pesada, e o sorriso de quem já vê dois no lugar de um.

-Maaxxx!Finalmente você serviu para algo!Bem vindos, vamos dançar!
-Lau, por que você não larga esse copo?
-Eu estou ótima, para de me controlar Eliza!
-Você esta sempre ótima Laura.Vamos Eliza!

Na semi escuridão todos jogam seus corpos e cabelos de um lado ao outro.Como se só existisse aquele momento, como se nada importasse, e tudo fosse simples. A música toca ditando o ritmo e as pessoas escolhem qual batida vão seguir.A do DJ ou de seus corações.

O tempo passa.A noite termina.O dia se ilumina.A realidade torna.

-Vamos embora? - disse Max às meninas ao seu lado. -
-Sim.
-Ai, que noite maravilhosa!Você viu aquele Jack?Tá caidinho por mim!
-Sonha meu bem, aquele lá pega qualquer coisa que use saia.
-Max, quem disse que eu estava falando com você?
-Ei, ei, gente, parem...

Amizade é algo difícil de se definir.Ela pode ter várias formas, e geralmente é bem agradável.O que será que pensam aqueles que veem três pessoas cambaleantes de braços dados, arrumados demais para uma manhã? Loucos...A vida é louca, e aqueles que não sabem disso, não são nada.

-Obrigada pela noite Max.
-Valeu por ter levado ela!
-Durmam bem meninas.Até mais!

Assim, elas entram em casa.Aquela em que elas mais tem prazer em entrar nos últimos tempos.Seus sorrisos e comentários fazem ambas cair de tanto rir.Se jogam nas camas e ficam conversando até pegar no sono e serem levadas para outros sonhos.

Parte 02

Ela olha cautelosamente na escuridão.Não sabia se realmente deveria estar ali.Vários pensamentos passam por sua mente, mas nenhum desenvolvido o suficiente para ajudar a entender alguma coisa.Ninguém vem recebe-la.Após alguns instantes ela decide se mover.Tudo deve se mover, pois quando esse movimento parar...A existência terá desaparecido.
É como a chama de uma vela.Bela e preciosa.Necessária nos momentos de escuridão,mas que acaba por ser esquecida quando a luz retorna.Assim,ela caminha para a única porta que esta fechada.A empurra levemente e então, se encontra em um escritório.

As paredes são cercadas de livros empoeirados.Há um tapete vermelho no centro e uma mesa antiga na frente de uma janela.De costas para a visitante existe uma pessoa.Sua silhueta é esguia, delicada, embalada por um vestido longo e preto.Os pés vestem calçados de leves saltos pretos, não tão delicados quanto deveriam, para ornar com a roupa.Os cabelos são negros e compridos.
Ela não se vira, mal se movimenta.
Gina anda até a outra criatura e para ao seu lado.Esta ainda não a olha.Em sua frente há uma máquina, a qual a hipnotiza. Seus dedos dançam sobre pequenos quadrados que afundam levemente sobre a pressão exercida sobre eles. As mãos da mulher são delicadas, com unhas coloridas.
De repente tudo cessa. As duas mulheres aparentam prender a respiração por um instante.O movimento das árvores vistas da janela termina.Um único movimento é feito.
Elas se encaram.Olhos esverdeados contra olhos azuis pálidos.Ocorre uma conversa que ninguém pode conhecer.Os passados são verificados com a devida intensidade.A mais fraca então, encara o chão.

-Está tudo bem Gina.Você esta no lugar certo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Parte 01

Hoje vejo que estou mais perdida do que sempre estive. Tavez me conheça mais, mas perdi muito da essência que tanto apreciava. Solidão. Como sinto sua falta, não a falta de tua presença, mas de saber apreciar-te. Preciso ganhar as ruas, e andar sozinha, ouvindo somente os conselhos do vento gelado. É preciso recuperar a calma e a paz que tinha outrora, pois se não, a vida jamais terá o mesmo sabor.

Desejaria não ter cometido certos erros, para poder cometer outros. Os caminhos, embora confiáveis, nem sempre são os corretos para um andarilho errante.Desejo, mais uma vez voltar ao que era antes, pois sempre residi nas lembranças.

É noite alta. Naquele momento nem os carros patrulham as ruas, há uma mistura de medo e cansaço entre os sobreviventes.Mas, não há tempo a perder.Nunca houve. Do jeito que estava ela se levanta da cadeira dura, na qual passa as noites, entre insônia e pesadelos. O jeans azul desbotado parece sua segunda pele de tão justo.Nos pés um sapato fechado, de amarrar, dos mais delicados, azul turquesa.O busto é ajeitado delicadamente dentro de uma blusa amarela, apagada, de finas alças.

Ela retira de um cabide o casaco preto fino, veste e fecha-o.Cobre os belos cabelos ruivos, cor de sangue com o capuz, e torçe para que sua pele branca, quase fluorescênte não chame muita atenção.Seus olhos de um azul esverdeado, pálido se adaptam melhor à noite do ao dia.Na rua, seu coração se acelera.O caminho é longo.
Anda, hora como quem teme um perseguidor, ora como quem esqueceu o próprio caminho e vaga sem rumo, à procura de uma pista.

A respiração começa a ficar ofegante, e longas nuvens de fumaça forman-se em sua boca.O ar que entra em seus pulmões frágeis parece não ser suficiente.Finalmente ela sai daquele lugar onde só há sujeira, podridão e concreto. Conseguiu passar ilesa pela fresta aberta na grande muralha que salva a todos, prendendo-os.Ela passa, sorrateira, como o sangue por uma ferida.E então, até que a dor apareça, ninguém saberá que ela se foi.

Pois há muito, a sociedade não presta a devida atenção em quem deveria.As conversas foram esquecidas. As regras mudaram.O único problema é que ninguém avisou aos outros seres viventes. Como se a vida, fosse um mero detalhe.

Ela corre agora, com mais cuidado.Sabe que existem criaturas mais poderosas e menos racionais observando-a.Mas, ela não teme.Sente estar sob algum tipo de proteção, e confia em seus instintos.
Quando a luz do sol começa a surgir ela para.Cansada. Ofegante. Com um leve sorriso, mas com o coração pesado, cheio de uma tristeza imensurável. A jovem, então, se aproxima do portão, que se abre automaticamente, da mesma forma que a porta da pequena casa.

Cautelosamente observa ao seu redor.As grades grossas do portão e a cerca por cima dele.O pequeno bosque ao seu lado direito, os degraus de pedra gastos.A varanda agradável e empoeirada pela falta de uso.As janelas sujas, como por temerem revelar sua interior.O assoalho brilhante range quando seus pés se unem, parando, enfim.
A porta atrás de si se fecha com cuidado, para não assustar seu mais novo morador.
E então, os eventos recomeçam...

Parte 01

Eliza chegou tarde naquela noite. Era tudo silêncio, tudo escuridão.
Saiu do metrô já vazio e caminhou por entre bares de pessoas arrumadas.
Deu boa noite ao porteiro semi-adormecido e subiu os curtos lances da escada.
Direita para não ranger.Reto, reto.Esquerda porque ali afunda.Esquerda porque tinha uma barata ali ontem.Reto, reto, reto.Esquerda para segurar no corrimão e tomar fôlego.
Ufa.
Enfim, uma porta de madeira escura e bem lustrada surge em sua frente.A luz se acende devagar, como se estivesse acabado de acordar devido ao barulho de passos.
Ela coloca chave e abre a porta devagarzinho.
Lá dentro poderia encontrar várias coisas.É necessário ter muito cuidado.

A:Laura dormindo no sofá com a TV ligada.
B:Laura e algum "amigo" ou "amiga".
C:Laura totalmetne complexada, cercada de papéis e xícaras de café, estudando.

O que menos se espera acontece.Não há nada.Só silêncio e escuridão.
Na geladeira, local em que ambas se dirigem após jogar o que quer que estejam carregando sobre a mesa, quando esta está arrumada, há um papel.

"Querida Liz, você demorou muito!Fui jantar com umas amigas e depois vamos cair na night.Venha também.Todos estão com saudades de você!Espero você ligar, se não, chegarei bêbada em casa só pra você se arrepender de não ter vindo.Beijos, Lau"

Ela pensa, dá um leve riso, para não cair no choro.Por quê estava morando com alguém totalmente louco?Abre a geladeira e lá esta um pacotinho de comida chinesa com uma etiqueta, na qual se lê o seu nome.Nada mais.Mesmo.
Ela liga a televisão enquanto come a comida fria, em pé.
Volta à cozinha e joga a caixinha no lixo, e os talheres na pia.
Vai para o quarto carregando suas coisas.Joga-as no chão e o corpo na cama.
Resmunga algo e se vira para encarar o teto.
O que é pior: Aguentar Laura bêbada ou sair atrás dela?

Seus pensamentos são interompidos por um som abafado.Ela se revira, pega algo do chão e de lá um pequeno aparelho barulhento.Lê o visor colorido e fala automaticamente:

-Oi Max.
-E aí Liz, tudo bom?
-Claro e você?
-Bem.Então, tava pensando em sair hoje, que tal?
-Ah...
-Você está me devendo.Vamos, por favor, hoje é sexta!
-Hãn...
-Que bom!Te pego daqui a uma hora.Até!
-Mas...
-Tu...Tu...Tu...

Quando aprenderia?Não se pode vacilar.Jamais.Mas, agora era tarde.
Levanta-se e vai tomar banho.Depois se maqueia.Se veste.Fica linda, como há muito não ficava.Depois de pronta, a se equilibrar nos sapatos, vem a dúvida cruel.A cama está entre ela e a porta.Quando ela pensa em se deitar e desistir, o telefone toca uma vez e se cala.A sentença final foi dada.

Ela pega o pequeno aparelho e sai.O vestido verde, agarrado ao seu corpo.A sandália de salto preto reluzente.A maquiagem de um tom bronze, para parecer mais saudável, e um batom rosa pálido.Nada mais além do que se pode carregar...A não ser o que se carrega na cabeça e no coração.