Sua vida era simples e deliciosa. Desde pequeno estava naquela mesma família que o amava indiscriminadamente. No início eram mais apegados, falavam com ele de um jeito estranho, com a voz fina e cheia de ondas. Todos corriam com ele e ao seu redor. Era tudo festa. Seus erros eram vistos com surpresa e risos, o pegavam no colo e o abraçavam.
Depois, mudaram um pouco. Seus erros eram repreendidos mais gravemente, mas era tudo tão bom. Saiam para passear, brincavam com ele, o chamavam, o perturbavam, estavam sempre presentes. Mas, por vezes ele sofria e se preocupava com eles.
Sentia em seu íntimo os problemas. Vira as crianças crescendo. Vira a mãe chorar certa vez, queria tanto pedir para que ela parasse, declarar seu amor incondicional, dizer que ficaria tudo bem no final. Mas, não era possível. Fazia o que podia. Ficava sempre por perto, mostrava-se feliz, tentava fazer gracinhas para anima-los. E também sentia que eles o entendiam.
Agora o olhavam com uma ternura maior. Afinal, o tempo passa, não é? Por fim, ele estava cansado. Não de brincar, de comer, de correr, de amar aqueles que o cercavam. Mas, cansado de se conter, de querer fazer algo e não conseguir. Era triste, por quê, ele se perguntava, o que estava acontecendo... Não entendia.
Suas últimas lembranças foram os olhos repletos de lágrimas daqueles que ele tanto amava, e os sorrisos de gratidão por todos aqueles momentos mágicos que dividira com eles. Ele sabia que aquele amor iria durar para sempre, e que eles iam ficar bem, mesmo sem ele por perto para garantir. Que eles só queriam o melhor para ele, e naquele momento não havia mais o que fazer, senão proporcionar um bom e merecido descanso.
E assim ele se foi.
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